Vieira destacou que o diálogo foi “muito positivo” e revelou que Lula voltou a pedir a suspensão das tarifas aplicadas às exportações brasileiras durante as negociações comerciais.
Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Foto: Evelyn Hockstein/ReutersO clima foi de cordialidade e aproximação durante o primeiro encontro entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva desde que o republicano voltou à presidência dos Estados Unidos. A reunião aconteceu na Malásia e terminou com uma promessa inesperada: Trump quer visitar o Brasil.
“O presidente Trump quer ir ao Brasil e o presidente Lula aceitou também, dizendo que irá com prazer aos Estados Unidos no futuro”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Segundo ele, ambos concordaram na importância de retomar visitas oficiais entre os dois países, interrompidas desde o início da pandemia.
Vieira destacou que o diálogo foi “muito positivo” e revelou que Lula voltou a pedir a suspensão das tarifas aplicadas às exportações brasileiras durante as negociações comerciais. O chanceler afirmou ainda que Trump se comprometeu a iniciar um processo de negociação bilateral imediatamente, com o objetivo de resolver as pendências “em pouco tempo”.
“A expectativa é que as reuniões comecem ainda neste domingo (26). Esperamos concluir em poucas semanas uma negociação que trate de cada setor da atual tributação americana sobre o Brasil”, explicou o ministro. Segundo ele, a delegação brasileira vai insistir para que as tarifas sejam suspensas durante esse período.
De acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, Lula reforçou que as motivações usadas pelos EUA para elevar tarifas a outros países não se aplicam ao Brasil, já que a balança comercial brasileira é deficitária em relação aos norte-americanos. “O presidente destacou também que nossa relação comercial e diplomática, construída ao longo de mais de 200 anos, sempre foi muito boa”, afirmou Rosa.
Vieira garantiu que Trump não impôs condições para a suspensão das taxas, e classificou a postura do americano como “aberta e colaborativa”. O encontro contou com a presença do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, do secretário do Tesouro, Scott Bessent, e do representante comercial norte-americano, Jamieson Greer.
Sobre Jair Bolsonaro, o ex-presidente brasileiro, o tema não foi discutido diretamente. “Isso não foi tratado na reunião. A questão apareceu antes, na entrevista de Trump, mas de forma lateral”, disse Rosa. Em conversa anterior com jornalistas, Trump afirmou sentir “pena” de Bolsonaro. “Sempre gostei dele. Acho que foi tratado de forma injusta. Sempre me pareceu um homem honesto”, declarou o republicano.
Lula também aproveitou o encontro para se oferecer como interlocutor entre os Estados Unidos e a Venezuela, reafirmando o papel do Brasil como mediador regional. “O presidente disse que a América do Sul é uma região de paz e se prontificou a contribuir para soluções aceitáveis entre os dois países. O Brasil estará sempre disposto a atuar como elemento da paz e do entendimento”, completou Vieira.
