Teresina - PI, Terça Feira, 16 de Dezembro de 2025
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Quem é o jovem preso por incentivar automutilação de menores em plataformas online

Investigação aponta mais de 30 vítimas entre crianças e adolescentes, sendo majoritariamente meninas

 

Jovem preso por induzir automutilação e estupro virtual | ReproduçãoJovem preso por induzir automutilação e estupro virtual | Foto: Reprodução

Um jovem de 18 anos foi preso na segunda-feira (15), suspeito de incentivar crianças e adolescentes a praticarem automutilação por meio de plataformas digitais. Identificado como Luiz Fernando Souza, ele é investigado por aliciar vítimas em jogos online e conduzi-las a grupos no Telegram e no Discord, onde passava a estimulá-las a se ferir. Pelo menos 30 menores, com idades entre 10 e 15 anos, teriam sido vítimas do esquema.

A prisão ocorreu em Agrolândia, no interior de Santa Catarina, por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Segundo a Polícia Civil paulista, há vítimas também no estado de São Paulo, o que motivou a expedição de mandados de prisão temporária e de busca e apreensão no endereço do suspeito.

Como funcionava

De acordo com as autoridades, o método utilizado por Luiz Fernando segue um padrão já identificado em investigações semelhantes. O primeiro contato, segundo a polícia, costumava ocorrer em jogos virtuais ou chats online, avançando gradualmente para outras plataformas até chegar à fase de chantagem.

“A conversa começa no jogo, em um chat ou dentro da própria plataforma, depois migra de aplicativo até chegar na chantagem, na sextorsão”, explicou a delegada Lisandrea Salvariego, chefe do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) da Polícia Civil de São Paulo.

A chamada sextorsão envolve a criação de vínculo com a vítima para obtenção de imagens íntimas. Com esse material, o agressor passa a ameaçar o menor, exigindo novas imagens ou impondo desafios extremos, como a automutilação, sob ameaça de divulgação do conteúdo.

Violência psicológica

Segundo a investigação, o suspeito exigia que as vítimas escrevessem, com objetos cortantes, o nome ou apelido do “mentor” da automutilação no próprio corpo. Em alguns casos, também determinava que os adolescentes reproduzissem símbolos de ódio, como a suástica nazista, como forma de submissão e controle psicológico.

As vítimas, conforme apurado pela polícia, eram majoritariamente meninas, todas crianças ou adolescentes. Durante a prisão, Luiz Fernando foi questionado por um investigador sobre um vídeo em que uma garota aparece se agredindo com socos e utilizando um objeto semelhante a uma faca. Ao ser perguntado sobre a idade da vítima, ele respondeu que ela teria “12 ou 13 anos”.

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Vitimas eram majoritariamente meninas, todas crianças ou adolescentes (Foto: Reprodução) 

Investigação e prisão

Luiz Fernando responde por indução à automutilação e estupro virtual, crimes que fundamentaram a prisão temporária. Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, os policiais também encontraram conteúdo pornográfico armazenado, o que resultou em prisão em flagrante.

Ele foi autuado em Santa Catarina e permanece à disposição da Justiça. Somadas, as acusações podem resultar em uma pena superior a 10 anos de prisão, segundo a Polícia Civil.

Ameaças

Alvo de investigação há cerca de quatro meses, Luiz Fernando também é acusado de ameaçar autoridades policiais. Ele teria enviado e-mails aos delegados Lisandrea Salvariego e Artur Dian, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, contendo fotografias deles e de seus familiares, em uma tentativa de intimidação.

“A mesma coisa que eles fazem com as vítimas, eles tentam fazer com a gente. A diferença é que nós temos discernimento e meios para investigar. As vítimas, muitas vezes, ficam paralisadas pelo medo”, afirmou a delegada.

Em um dos episódios mais graves, o investigado obrigou uma menina a se mutilar com o nome “Lisa”, apelido de Lisandrea, gravado no braço com uma navalha. A imagem foi publicada pelo suspeito com tom de deboche.

“É um sentimento péssimo, talvez o pior que exista. Mas é isso que nos dá força para continuar. A gente não pode parar”, declarou a delegada.

Orientação aos pais e responsáveis

A Polícia Civil alertou também aos pais e responsáveis para que fiquem atentos a mudanças bruscas de comportamento, sinais de automutilação ou uso excessivo e isolado de plataformas digitais. Em caso de suspeita, a orientação é registrar um boletim de ocorrência imediatamente.

“Anote o nome de usuário, o ID, a plataforma onde ocorreu e registre o BO. Não é só uma vítima. Esses agressores fazem várias vítimas ao mesmo tempo”, reforçou Lisandrea.

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