Teresina - PI, Segunda Feira, 27 de Outubro de 2025
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Química entre Trump e Lula ainda é instável e futuro encontro levanta expectativas

A reunião entre os presidentes, anunciada para acontecer na próxima semana, deve ter esperanças de avanço, mas negociação exigirá cautela e diplomacia.

A breve e inesperada troca de elogios entre Lula e Donald Trump, que aconteceu nos corredores da Assembleia Geral da ONU na última terça-feira (23), reacendeu a atenção para um reencontro que promete ser decisivo, ainda que delicado. Mesmo com o anúncio de uma reunião que, segundo o presidente dos EUA, deve ocorrer na próxima semana, a chamada “química” que surgiu entre os dois líderes ainda é instável, marcada por disputas bilaterais econômicas e ideológicas e expectativas contraditórias.

Nas últimas semanas, Brasil e Estados Unidos vêm atravessando uma fase de atrito diplomático. Trump impôs tarifas de 50% sobre diversas exportações brasileiras, justificadas como resposta a supostas interferências políticas no julgamento de Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão. O governo Lula reagiu firmemente, reafirmando que a soberania nacional e a independência da Judiciário não são negociáveis.

Nesse contexto, o gesto cordial desta semana, em que o presidente dos EUA afirmou que Lula parece ser um “homem simpático” e que os dois tiveram uma “excelente química”, surpreendeu analistas e levantou o ânimo no mercado. Porém, o fato de Trump dizer “gostar” do presidente do Brasil não limpa anos de atrito entre os países. O encontro oficial exigirá um rigoroso preparo de bastidores para conter possíveis armadilhas.

Química entre Trump e Lula ainda é instável e futuro encontro levanta expectativas - (Reprodução/X)

O que deve ser abordado

Se o encontro entre os líderes realmente se concretizar, a reunião deve abordar temas que envolvem diversos temas, principalmente econômicos, mas também ideológicos. O assunto das tarifas e barreiras comerciais é considerado como o mais urgente e sensível. O Brasil deve exigir a reversão ou ao menos a revisão das tarifas impostas por Trump. Empresas exportadoras brasileiras aguardam alívio, enquanto os EUA devem exigir garantias de reciprocidade comercial.

As regras de reciprocidade e transparência também devem ser abordadas, já que o governo brasileiro já sinalizou que não aceitará interferência externa nas decisões judiciais, nem condicionará cooperação a pressões políticas. A “transparência” nas regras do jogo será cláusula central para evitar novos conflitos.

Em segundo plano, a reunião deverá decidir mais sobre a cooperação e as estratégias em temas globais, como clima, energia, segurança hemisférica, cadeias de abastecimento e investimentos mútuos. Além disso, devem ser abordadas questões políticas e simbólicas, já que, para o Brasil, não será viável aceitar concessões que possam ser vistas como submissão ao poder americano. A própria presença de Lula no encontro será uma demonstração simbólica de equilíbrio diplomático.

O encontro entre os líderes deve ter acertos pontuais, não uma reconciliação imediata. O momento poderá produzir medidas específicas (como prazos ou composições tarifárias), mas não apagará a desconfiança bilateral. Para evitar rupturas de protocolo ou declarações que possam causar atritos, equipes técnicas, diplomáticas e experientes terão papel fundamental.

A expectativa positiva para o encontro já provocou alta no real e otimismo entre exportadores, mas também há vigilância sobre cláusulas ocultas que possam comprometer a autonomia nacional. Lula poderá usar a oportunidade como prova de que sua diplomacia é flexível, mas não subserviente, sendo um teste para manter apoio interno e credibilidade internacional.

A reunião ainda carrega mais dúvidas do que certezas. A “química” anunciada levanta possibilidades de diálogo que pareciam impossíveis, mas dependerão do grau de preparo, da firmeza das demandas brasileiras e da capacidade dos dois líderes de manter um bom ambiente retórico, transformando-o em resultados concretos.

 

Fonte: Portal Odia.
Confira esta e outras matérias na íntegra pelo link: https://portalodia.com/noticias/politica/quimica-entre-trump-e-lula-ainda-e-instavel-e-futuro-encontro-levanta-expectativas-441613.html

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