O estado do Piauí registrou o maior aumento percentual de feminicídios no país entre os anos de 2023 e 2024. Os dados fazem parte do Mapa da Segurança Pública 2025, divulgado nessa quarta-feira (11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

De acordo com o levantamento, o número de feminicídios no estado subiu de 28 para 40 casos, um crescimento de 42,86% em apenas um ano. O relatório também destaca Teresina entre as capitais com mais casos registrados em 2024, com 12 vítimas — ficando atrás apenas de Rio de Janeiro (51 casos), São Paulo (51) e Manaus (16).
Além dos feminicídios, o estado também teve aumento significativo no número de vítimas de estupro. Foram 1.398 casos em 2024, contra 1.131 no ano anterior, o que representa um crescimento de 23,61%.
A delegada Bruna Verena, da Diretoria de Proteção à Mulher e aos Grupos Vulneráveis, afirma que o combate ao feminicídio e à violência contra a mulher exige a mobilização de toda a sociedade. Segundo ela, um dado preocupante é que, em 2023, cerca de 90% das vítimas de feminicídio no Piauí não haviam feito boletim de ocorrência ou pedido medida protetiva.
“Esse combate não depende apenas da polícia, até porque, na maioria das vezes, quando somos acionados, a mulher já está morta. Precisamos do apoio da sociedade para fazer essas denúncias”, declarou a delegada.
Bruna Verena informou ainda que o Piauí já soma 24 casos de feminicídio somente em 2025, número que ela considera extremamente alto. A delegada reforçou que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com mais acolhimento e acesso à rede de proteção.
“O estado conta com canais que facilitam o acesso das vítimas à denúncia e à medida protetiva. A mulher pode registrar um boletim de ocorrência online, sem sair de casa. Temos também o aplicativo Júlia, via WhatsApp, por meio do qual é possível solicitar proteção diretamente ao Judiciário”, explicou.
Entre os canais disponíveis estão o Disque 180, o WhatsApp (0800-000-1673), além da Casa da Mulher Brasileira, a Patrulha Maria da Penha e a Guarda Maria da Penha.
A delegada reforça que o estado possui estrutura para atender as vítimas, mas é necessário que a sociedade esteja atenta e denuncie os casos de violência doméstica.