O número de jornalistas presos pelo exercício da profissão em todo o mundo chegou a 293 em 2021, estabelecendo um novo recorde ante 280 alvos no ano anterior. Segundo o CPJ (Comitê para Proteção de Jornalistas, na sigla em inglês), este “foi um ano especialmente sombrio para os defensores da liberdade de imprensa”. A informação consta no censo carcerário de 2021 do CPJ, divulgado nesta quinta-feira (09/12).
A China é o país que mais prende jornalistas pelo 3º ano consecutivo, somando 50 profissionais de mídia atrás das grades. Mianmar disparou para a 2ª posição depois do golpe militar de 1º de fevereiro, com 26 jornalistas presos no ano. Egito (25), Vietnã (23) e Belarus (19) completam o topo do ranking. Do total de jornalistas presos, 40 são mulheres.
A quantidade de jornalistas chineses presos saltou em 2021 porque o CNJ passou a considerar as prisões em Hong Kong. Foram 8 profissionais privados de liberdade devido ao avanço da censura no território chinês. Um deles foi o fundador do Apple Daily, Jimmy Lai.
A América Latina prendeu 6 jornalistas em 2021, sendo 3 em Cuba, 2 na Nicarágua e 1 no Brasil. O CNJ destacou o “declínio preocupante na liberdade de imprensa na região”, embora classifique o número como “relativamente baixo”.
O brasileiro listado no relatório é Paulo Cezar de Andrade Prado, repórter esportivo no Blog do Paulinho, do qual é dono. Paulinho, como é conhecido, foi preso em setembro deste ano, em São Paulo. Foi condenado a 5 meses de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de difamação contra Paulo Garcia, proprietário da Kalunga.
A ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o SJSP (Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo) e a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) repudiaram a prisão e pediram análise criteriosa dos recursos.
Também de acordo com o relatório do CNJ, as razões para o aumento do número de jornalistas presos diferem entre os países, “mas todos refletem uma tendência marcante: uma crescente intolerância em relação ao jornalismo independente”.
“Em um mundo preocupado com a covid-19 e tentando priorizar questões como mudanças climáticas, governos repressivos estão claramente cientes de que a indignação pública com os abusos dos direitos humanos será atenuada, enquanto governos democráticos têm menos apetite por retaliação política ou econômica [de nações que perseguem jornalistas].“
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