A informação dada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que acabar com o rotativo do cartão de crédito pode ser a solução para os juros altos e para a inadimplência da modalidade, é uma posição consolidada dentro do governo.
O governo já tomou a decisão de acabar com o rotativo, mas avalia que apenas essa medida não é suficiente para resolver o juro alto da modalidade. Os juros desse tipo de crédito chegam a 440% ao ano, a maior taxa do mercado financeiro.
Hoje, quando um cliente passa 30 dias no rotativo, os bancos são obrigados a negociar a dívida. Os juros nessa modalidade giram em torno de 15% ao mês, de acordo com integrantes do governo, o que é praticamente o mesmo do rotativo. Por isso, será preciso endereçar uma saída também para esse parcelado.
Para o governo, como o Congresso já tomou a frente dessa discussão, a saída será dentro de um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados. Esse projeto trata do Desenrola Brasil e também irá tratar do cartão de crédito.
O governo irá apoiar a iniciativa, dentro do projeto, que acaba com o rotativo e dará um prazo de 90 dias para que o setor adote uma autorregulamentação que também reduza as taxas da dívida decorrente dessa modalidade.
Uma eventual proposta do setor será analisada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo Banco Central e pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Se o CMN entender que a proposta do setor não é suficiente, os juros ficarão limitados às mesmas taxas do cheque especial — próxima de 9% ao mês.
Essa taxa é considerada razoável pelo governo, que não vê chance de retração na oferta de cartão de crédito.
A decisão de acabar com o rotativo foi amadurecendo nas discussões com bancos desde de janeiro, em um grupo do qual fazem parte o Ministério da Fazenda, o BC e os bancos. Integrantes do governo afirmam que as instituições financeiras insistiam em medidas com o fim do parcelado sem juros, o que não era aceito pelo Executivo.
Informações: O Globo