Após 99 dias congelado, o preço da gasolina será reajustado neste sábado, 18, pela Petrobras, passando a custar R$ 4,06 o litro nas refinarias da estatal, uma aumento de 5,2%. O diesel, há 39 dias sem aumento, passou a custar R$ 5,61 o litro, alta de 14,2%.
O reajuste ocorre em meio a uma queda de braço entre a liderança da estatal e o governo, que pressionava para que a empresa não fizesse um aumento do preço dos combustíveis enquanto o Congresso discute uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para compensar os Estados que zerarem a alíquota do ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.
Os reajustes anunciados nesta sexta refletem a disparada dos preços dos derivados no mercado internacional, seguindo a alta do petróleo por causa da maior demanda e do fechamento de refinarias em meio à guerra entre a Rússia e Ucrânia. Nesta sexta-feira, 17, os contratos do petróleo tipo Brent para agosto eram comercializados a US$ 119,5 o barril. O câmbio também não está ajudando e já ultrapassa os R$ 5, com a cautela dos investidores impulsionando a moeda americana.
O aumento, no entanto, ficou abaixo do necessário para zerar a defasagem entre o preço da Petrobras e o praticado no mercado externo. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), para alinhar o preço interno com o praticado no Golfo do México, de onde sai a maioria das cargas, o aumento deveria ser de R$ 0,57 para a gasolina e R$ 1,37 para o diesel, diante de defasagens de 13% e 21%, respectivamente.
O Brasil produz entre 70% e 80% do diesel que consome e 97% da gasolina. Sem as importações complementares, o abastecimento pode correr risco no segundo semestre do ano, quando é previsto aumento da demanda interna, devido ao transporte da safra, combinado com aperto da oferta por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.