Teresina - PI, Segunda Feira, 27 de Outubro de 2025
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Diabetes e doenças vasculares elevam riscos de amputação de pernas e pés

Últimos levantamentos do Ministério da Saúde, analisados pela Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP), apontam um quadro alarmante: as amputações de membros inferiores provocadas pelo diabetes seguem em patamar elevado no país. Em 2023, o SUS registrou 11.326 procedimentos. Somente no primeiro semestre de 2024, outros 5.710 casos foram contabilizados.

Essas amputações são, em grande parte, resultado de uma complicação conhecida como “pé diabético”, condição que causa úlceras e infecções nos pés devido a problemas de circulação e danos nos nervos. Se não tratada a tempo, pode levar à perda de parte do membro.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil tem hoje 16 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos com diabetes, ficando atrás apenas de países como China (148 milhões de registros), Índia (89,8 milhões), Estados Unidos (38,5 milhões), Paquistão (34,5 milhões) e Indonésia (20,4 milhões). No mundo, são 589 milhões de casos, o que equivale a 1 em cada 9 pessoas. Em 2024, o Brasil já registrou 111 mil mortes relacionadas ao diabetes.

Complicações graves-neuropatia e má circulação: Uma das complicações mais graves do diabetes é a neuropatia diabética, condição que causa danos nos nervos, principalmente nas pernas e nos pés. Esse problema pode comprometer diversas funções do corpo e, em casos mais avançados, levar a quadros graves como úlceras, infecções e até amputações.

Os sintomas são variados e muitas vezes difíceis de identificar no início. Entre os mais comuns estão:

  • Perda de sensibilidade nos pés, mãos e pernas;
  • Dores intensas e formigamento, com sensação de queimação, especialmente à noite;
  • Fraqueza muscular e dificuldade de coordenação;
  • Desconforto extremo ao toque, como dor ao sentir o peso de um lençol;
  • Problemas digestivos, como azia, inchaço, indigestão, diarreia ou prisão de ventre;
  • Tonturas ao se levantar, causadas pela queda de pressão arterial;
  • Alterações na sudorese, como suor em excesso ou pele extremamente seca;
  • Disfunções urinárias e sexuais;
  • Dificuldade em perceber sinais de hipoglicemia (queda de açúcar no sangue);
  • Complicações cardiovasculares, com impactos nos vasos sanguíneos e no coração.

A neuropatia diabética é progressiva e precisa de diagnóstico precoce e tratamento adequado para evitar que evolua para quadros irreversíveis.

Outro agravante é a Doença Vascular Periférica (DVP), que dificulta a circulação do sangue nos membros inferiores. Essa condição é provocada pelo acúmulo de gordura nas artérias, que leva ao estreitamento do vaso sanguíneo, impedindo sua circulação, o que pode resultar em possíveis derrames, infartos e amputações. Diabetes, pressão alta, colesterol e triglicerídeos elevados, tabagismo e histórico familiar de doença cardiovascular são alguns dos fatores de risco.

Sintomas comuns e sinais de alerta – Tanto a neuropatia quanto a DVP podem apresentar sintomas como:

  • Sensação de queimação nos pés (frequentemente confundida com calor do ambiente);
  • Feridas que não cicatrizam;
  • Formigamento ou dor intensa;
  • Pele seca ou com rachaduras;
  • Frieza nas pernas e pés;
  • Tonturas, especialmente ao se levantar.

Como se prevenir?

O controle rigoroso da glicemia é a principal forma de prevenir essas complicações. Especialistas recomendam:

  • Monitorar a glicose regularmente;
  • Manter uma alimentação saudável;
  • Controle de peso;
  • Examinar os pés todos os dias;
  • Muito cuidado ao cortar as unhas e ao retirar cutículas. Estes atos podem resultar em inflamações importantes.
  • Usar hidratantes para evitar rachaduras;
  • Cuidar das unhas e evitar andar descalço;
  • Beber bastante água;
  • Praticar fisioterapia, com foco em equilíbrio, força e estímulos sensoriais.

“O avanço do diabetes e de suas complicações, como o pé diabético e a doença vascular periférica, exige atenção imediata do sistema de saúde. A Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP) alerta para o impacto dessas condições na segurança do paciente, especialmente devido ao alto número de amputações evitáveis”, ressalta a mestre vascular membro da SOBRASP, Ana Terezinha Guillaumon.

A entidade destaca que ações preventivas, diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo são essenciais para preservar a integridade física dos pacientes, reduzir riscos e evitar desfechos graves.

Para médica, promover um cuidado seguro e humanizado é mais do que importante — é urgente. “É preciso que os profissionais de saúde tenham um diálogo claro com os pacientes, explicando a doença, seus sintomas e riscos com palavras simples, de fácil entendimento. Por exemplo: alertar para cuidados alimentares, utilizar sapatos macios e confortáveis e a importância da higiene dos pés e na região interdigital. Essa é a chave para garantir qualidade de vida e evitar complicações graves associadas ao diabetes”. E complementa: “Estamos diante de um cenário crítico, e é fundamental que tanto a população quanto os órgãos públicos de saúde estejam atentos a essa doença, que avança de forma silenciosa e rápida. Hoje, o diabetes não afeta apenas idosos. Cada vez mais, vemos crianças e jovens entrando nessas estatísticas alarmantes. Por isso, as famílias precisam redobrar a atenção com a alimentação e os hábitos dos seus filhos, para que eles não façam parte desses números no futuro”.

Para a médica, o Brasil necessita de políticas públicas e eficazes. “Precisamos de uma agenda positiva que enfrente o diabetes com a seriedade — porque, infelizmente, ainda há muito desconhecimento e descaso em torno de uma condição que pode ser muito preocupante quando negligenciada”, ressalta a médica.

 

Fonte: Portal CidadeVerde.
Confira esta e outras matérias na íntegra pelo link: https://cidadeverde.com/noticias/444202/diabetes-e-doencas-vasculares-elevam-riscos-de-amputacao-de-pernas-e-pes

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