
A doação de órgãos é um dos maiores gestos de solidariedade que alguém pode deixar como legado. Ainda assim, o Brasil, que possui um dos maiores sistemas públicos de transplantes do mundo, enfrenta uma dura realidade: milhares de pessoas continuam na fila à espera de um órgão. Parte desse problema não está apenas na escassez de doadores, mas também nos silêncios, mitos e tabus que rondam o tema.
O Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado neste sábado (27), nos convida a refletir não apenas sobre a importância de salvar vidas, mas também sobre a necessidade de falar abertamente sobre o tema. Conversar com a família, registrar a vontade de ser doador e esclarecer dúvidas é um gesto de cuidado que vai além da própria vida. É preparar o caminho para que, em um momento difícil, a decisão seja tomada com clareza e com a certeza de que o amor pode continuar transformando destinos.
No consultório, é comum ouvir dúvidas sobre o processo de doação. Algumas famílias acreditam que o corpo não será tratado com dignidade ou que o falecido será desfigurado, o que não acontece. Outras pensam que a doação pode ir contra princípios religiosos, quando, na verdade, a maioria das tradições apoia esse gesto como expressão de amor e compaixão. O que falta muitas vezes é informação clara e acessível, capaz de desmistificar preconceitos que impedem a decisão de doar.
O momento mais difícil para dizer “sim”
A decisão geralmente precisa ser tomada em meio ao luto recente, logo após a confirmação da morte cerebral. É um instante de enorme dor, em que a família precisa lidar, ao mesmo tempo, com a despedida e com uma escolha que pode salvar vidas. Nessa hora, a falta de conversa prévia em vida pesa. Quando a pessoa já manifestou em família o desejo de ser doadora, a decisão se torna mais leve, pois deixa de ser um dilema e passa a ser um gesto de respeito à vontade de quem partiu.
A função dos profissionais de saúde vai além de explicar procedimentos: é ouvir, acolher e oferecer segurança. Como a equipe se comunica com a família pode mudar completamente o rumo da decisão. Um diálogo humano, respeitoso e claro ajuda a transformar a dor em solidariedade. Nesse sentido, cada profissional envolvido tem também a missão de ser um facilitador de esperança.
Fonte: Portal CidadeVerde.
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